Admito que a mão que carrega o estandarte
das conquistas é a mesma que realiza o gesto de levantar o dedo indicador na
tentativa imperativa de dizer:
- POR FAVOR, PRESTEM ATENÇÃO EM MIM!!! Afinal,
estamos no século XXI, fazer parte do grupo na era da globalização é um sonho
de consumo. Desejo os holofotes da importância, do destaque, da falsa modéstia.
Esbravejo minha independência na dependência de outros. O que faço há muito já
se perdeu da sua essência, tomo como ponto de partida ser agradável aos olhos
de quem vê. Na solidão que não me apavora grita uma voz que diz: APAREÇA! Em um
mundo cada vez mais veloz e atual é imprescindível ser notado, esse objetivo de
tornar-me pessoal e acessível detona minha impessoalidade, minhas convicções
são arrastadas. Com teimosia derramo a minha superfície, já que, o tesouro
ainda está guardado, ele não emerge facilmente. A minha agonia é sucumbir à
mistura, esta lúgubre alternativa me parece única. Desta maneira, minha voz vai
ecoando esse ensaio divergente , vou revelando-me aos poucos e aos tantos, indo
até a baliza!