Hoje
acordei com cheiro de café torrado, a nostalgia dos tempos transborda meus rios
de alegria. O que anima o meu espírito é o conforto da mesma mão que
afagava o meu olhar sonolento, ainda acarinhar meus sonhos. Queria tanto
senti-la a todo instante, mas talvez não sobrevivesse as vicissitudes. A
memória mantém viva o brilho dos primeiros enlaces e das primeiras invenções. A
todo o momento eu tenho a oportunidade de Ser, porém o que fui me atrai e
encanta. O que teme minha frágil consciência? Apelo à facilidade do que me
protege, mas ecoa dentro da minha alma a vontade de emergir e tomar fôlego. Sinto
que essa condição não é inerente apenas a mim, recordar parece uma constante.
Embora confesse temer, apenas uma alternativa impulsiona os meus pés, prossigo
para o que não vejo e para o que não posso fugir se permaneço é porque sou um
pouco de lá e de cá, carrego as estações, um pouco de você e todo o mundo em
mim.