Poeirinha
Poeirinha, bem fraquinha entrou nos meus olhos. Fez-me negro o mundo naquele instante, pisquei. Em várias tomadas quis escapar aos puros círculos.
Nem precisava muito, a poeirinha se espalhou.
Satisfiz o teu desejo, rabisco solar cortou a imagem. Por se fazer normal, o cisco rompeu os sonhos, a lua. Poeirinha que trocou de cor, trocou de pele, de alma. Viajou por tudo, nem se importando em dizer não.
Nascedouro de vida, instante supremo do olhar, amar. Do dizer, que faz sozinho, lhe faz carinho, sem dor. Poeirinha vivida, que voou para o mais longe, mais adentro. Neste horizonte sem sol, de noite, tudo é luar, olhos fechados.
Poeirinha ainda viveu em calor profundo, mas se rompeu. Treinara isso antes mesmo de se fazer ator, atriz, aprendiz. Nunca se esqueceu de que fiz, ao abrir os olhos, cegos. Lisas, lágrimas chegaram e a poeirinha escorreu na luz e se foi.